sexta-feira, 17 de abril de 2009

Reinaldo Azevedo: O socialista.

Vejam só: o blogueiro (?) filhinho de mamãe Reinaldo Azevedo se redimiu.
Do liberalismo mais sem vergonha passou a adotar o fino do socialismo.
vejam no blog dele.
A seguir, minha resposta à sua crítica ao Lula e seu projeto de construção de casas proprias.
Pois é...Confinar os pobres na periferia.
Existe muita literatura sobre o tema urbanização. Mas quero fazer dois comentários, com base na literatura (e não no achismo) sobre esse processo:
1) Realmente, Lula não contribui para que esse processo se torne mais justo. Pelo contrário. Mas toda urbanização capitalista, em especial no terceiro mundo, produz tal segregação. Uma dica é a leitura de autores recentes, como Mariana Fix e Otília Arantes. Os preços dos imóveis aumentam e a população é "expulsa" de onde mora.
O que o senhor propõe, eu presumo, é que os prédios desocupados ou sub-ocupados (se existe tal definição) sejam ocupados! Daí concordamos, entre nós, e também com o Movimento dos Sem-Tetos e outros movimentos sociais.
2) O metrô. Exemplo de urbanização e de modernização (por quê não, para certos autores "civilação"), ele é apontado como solução para o trânsito. Contudo, ele se presta, basta ver um mapa minimamente decente do sistema de transportes de São Paulo (não aqueles fixados nos vagões e estações do metrô, porcos, sem escala, pura propaganda)para constatarmos como ele contribuiu para a valorização de certas porções de nosso espaço urbano e, portanto, para a "expulsão" dos mais pobres para longe desse meio de "integração" com a cidade.
Ou seja, concluímos:
1) Seu texto faz mera propaganda política, e não de raciocínio lógico, apenas fruto do coração, de suas aspirações políticos, o que é louvável, embora não declarado.
2) Somos socialistas. Isso mesmo: pensamos e concordamos que esse sistema é injusto. Todo apoio aos movimentos sociais e à democratização real do espaço urbano. Se for isso, por quê não te assumes? Será que teu corpo liberal vai negar esse teu coração socialista?
Liberte-se, Reinaldinho.
Bruno de Souza

Abaixo, o artigo de Reinaldo Azevedo
ULA, O PROGRESSISTA, QUER CONFINAR OS POBRES
(leia primeiro o post abaixo)
A crème de la crème da notícia sobre o programa habitacional está em duas informações. A primeira: Lula já está avançando governo seguinte adentro. E o que deveria ser concluído em 2010 já se estende para além da metade do mandato do seu sucessor. “Ah, sim, são políticas de governo...” Entendo.

A segunda questão está nesta fala de Esteves Pedro Colnago, coordenador da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda: “Você vai começar a migrar para terrenos mais afastados nas grandes cidades, que não têm ainda infraestrutura básica".

As construtoras envolvidas com o projeto já estão em busca de fazendas e áreas semi-rurais, afastados dos núcleos urbanos, para erguer os tais bairros populares. Procurem saber, leitores, o que é o bairro Cidade Tiradentes, em São Paulo, que começou a ser pensado nos anos 70 e realizado nos 80. Ou Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.

Falo de São Paulo, que conheço mais de perto. Foram construídas nada menos de 40 mil residências populares em Cidade Tiradentes, que fica a, pasmem!, 35 quilômetros do centro da cidade, no extremo da Zona Leste. Virou uma cidade-dormitório, e os empregos estão longe de lá. Até outro dia, uma viagem de ônibus até o centro demorava quase quatro horas. O tempo foi reduzido para menos de três. Ainda assim, uma enormidade.

Não há um só urbanista responsável que não considere essa opção uma estupidez. O custo em infra-estrutura torna a escolha antieconômica. A estrutura de lazer é quase inexistente. Criados esses bairros, é preciso depois que o poder público — o que vai sobrar para estados e municípios — se encarregue de levar para lá escolas, postos de saúde, hospital, segurança... Lula garante os favelões de concreto. E os outros que se vierem para oferecer serviços.

O mais impressionante é que esta minha crítica nem é assim tão original. Até outro dia, os urbanistas do PT — !!! — defendiam o que chamavam de “adensamento do centro das grades cidades”, o que requereria uma reforma urbana decente. E estavam certos nesse particular. Só não sei como gostariam de fazer — talvez com confisco de propriedade, hehe... Com a dinheirama que o governo se mostra disposto a meter nesse projeto amalucado, poder-se-ia ter dado início a uma reforma urbana dentro da lei e da ordem.

Os centros das cidades já dispõem de transporte, esgoto, telefonia, gás, segurança, lazer, escola etc. A infra-estrutura está toda lá, freqüentemente subutilizada. Penso na cidade de São Paulo. Simplesmente não há terrenos disponíveis — não a ponto de tornar o empreendimento economicamente possível — perto de onde estão os empregos. E essa deve ser a verdade para todas as grandes cidades.

Em outros tempos, URBANISTAS E, ACREDITEM, JORNALISTAS já teriam se ocupado disso que aqui vai. Aliás, não confinar os pobres em bairros nos cafundós do Judas, parece-me, é dessas coisas que os progressistas endossariam, não é? Mas os progressistas fecham o bico quando o projeto é do Apedeuta da Silva. Assim como certos alemães decidiam, no passado, quem era ariano e quem era judeu, Lula decide o que é progressista e o que reacionário.

Ah, sim: as empreiteiras concordam com Lula. Elas também acham que não pode haver coisa melhor do que construir bairros que saem do nada.

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